“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”
O capítulo 13 de 1Coríntios está inserido no contexto da exposição que o apóstolo Paulo faz sobre os dons espirituais, que perfazem os capítulos 12 e 14: Quais são, seus propósitos e como devem ser usados na Igreja. Como a posse e exercício desses dons tinham o potencial de levar muitos crentes a se ensoberbecer e achar-se superior aos demais irmãos e muitos faziam dos dons um fim em si mesmo, era necessário mostrar a supremacia do amor. Estas ricas palavras, por alguns chamada de “a canção do amor” representam a visão correcta do que é o amor cristão e suas características. Ricas lições podem ser extraídas para nós hoje.
Amor: a virtude suprema (1Co 13.1-3)
“Todos os vossos actos sejam feitos com amor.” (1Co 16.14)
O amor é que deve inspirar, motivar e envolver todas as nossas acções. Ele deve ser o centro de tudo. Em 1Coríntios 13.1-3 o apóstolo apresenta cinco aspectos referentes ao desempenho ou atitudes na vida cristã iniciados pela expressão “ainda que”; se tais não forem fundamentados e motivados pelo amor de nada valem, isto é, não têm a aprovação divina. 1º) Falar as línguas dos homens e dos anjos; 2º) Profetizar e acumular conhecimento; 3º) Ter muita fé; 4º) Ser caridoso e benevolente para com os necessitados; 5º) Se entregar como mártir. Estas acções não tem valor por si mesmas se não forem frutos do amor. Na verdade muitos têm exercido seus dons pelas motivações erradas: as disputas, a raiva, o ódio, a vaidade, o exibicionismo, antre outros têm sido as razões por trás da obra de muitos cristãos. Questione sua motivações para a obra e busque em Deus o dom de amar.
O amor cristã é puro e comprometido (1Co 13.4-7)
Nos versículos 4 a 7, de forma muito didática, prática e abrangente, Paulo procura explicitar as características do amor verdadeiro: aquilo que ele é; aquilo que ele não é; e, aquilo de que ele é capaz de fazer. Toda essa descrição nos remete fortemente ao cotidiano da vida, dos relacionamentos humanos e às situações pelas quais passamos. Cada aspecto aqui apresentado, cada características mencionada, é rica em si mesma em termo de aplicação na vida. O amor cristão está fundamentado no bem e na verdade. Tudo que passa disso é de procedência maligna. Amar é o maior mandamento, mas amar a coisa errada ou de forma incorrecta é o fundamento do pecado: amar outras coisas acima de Deus, “amar” a si mesmo mais do que o aceitável, amar o próximo no que é errado e injusto são a fonte e a sustentação do pecado. Precisamos desenvolver um amor como descrito neste texto ( benigno, que se alegra com a justiça e verdade). Isso significa não compactuar com o mal, ou não fazer vista grossa para o erro, tentar justificar ou defender o injustificável ou indefensável. Até a disciplina é um acto de amor, pois tem em vista a restauração e correção para uma vida melhor em Deus.
Deus é a essência do amor e é eterno. Diferentemente de tantas coisas próprias do tempo presente, o amor transporá o portal deste mundo terreno para a eternidade. “Quando, porém, vier o que é perfeito”, na segunda vinda de Cristo, muitas coisas desta vida perderão o sentido. Naquela ocasião se dará a consolidação do plano de redenção e a revelação do mundo espiritual tão aguardada. E o amor da criatura pelo Criador será perfeito e a compreensão do amor do Salvador pelos seus filhos será plena. E só farão parte deste momento aqueles que, em vida, deram crédito ao evangelho, tendo amado com sinceridade a Deus e ao próximo.
Busquemos com toda a diligência o dom do amor.
Com graça e paz,
𝑫𝒐𝒎 𝑮𝒆𝒓𝒂𝒍𝒅𝒐 𝑴𝒂𝒏𝒖𝒆𝒍