“Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus, e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são, e tu os achaste mentirosos; e sofreste e tens paciência, e trabalhaste pelo meu nome e não te cansaste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.”
Apocalipse 2:2-5 (ARC)
Amadas irmãs e amados irmãos,
A Igreja de Éfeso é umas das comunidades cristãs fundadas pelo Apóstolo Paulo. A qual é destinatária de uma de suas cartas, o livro de Efésios. Mas lá no final do século I, Jesus envia uma mensagem para esta Igreja, e para outras 6, por intermédio de uma série de revelações ao Apóstolo João que se encontrava deportado em Pátmos, como prisioneiro. Essas mensagens são conhecidas como Cartas às 7 Igrejas da Ásia, registadas no livro de Apocalipse.
1. Um zelo “seco” da doutrina
Para esta Igreja em especial, Jesus reconhece seu zelo na defesa da doutrina, seu esforço no trabalho, sua perseverança na caminhada e sua firmeza no combate aos hereges, mas o Senhor não estava satisfeito com o seu nível de amor, que é a componente mais importante do nosso relacionamento com Deus e com próximo. A Igreja de Éfeso havia abandonado o primeiro amor. As vezes nossa tendência é tornar o zelo doutrinário um fim em si mesmo. A ideia de que “eu estou do lado da verdade”, “eu quero defender a verdade”, quando não for resultado do amor para com Deus e o próximo, é muito danoso. Não defenda o que você não vive. A defesa do evangelho deve começar dentro de um coração radiante de amor.
2. Quando a amor esfria
A luta plela defesa da verdade na Igreja de Éfeso era muito grande, por causa da incompreensão da doutrina. Falsos mestres haviam se levantado e buscava falsificar algumas verdades. Mas aquela Igreja fez desta luta um fim em si. Isso foi fazendo com que se mativese o zelo doutrinário, mas se perdesse a verdadeira devoção. Na verdade, muitas vezes, sem nos apercebermos, acabamos perdendo aquela paixão e intensidade do nosso amor por Deus e pelo próximo. Ao permitirmos cair na rotina, o nosso relacionamento com o Senhor sofre desgaste ao longo do tempo e, se não renovarmos a cada dia ou periodicamente, podemos acabar num estado de total frieza! Deus que nos chamou para um relacionamento de amor total não aceita “migalhas”! Ele protesta e pede de volta o que se perdeu, a intensidade e plenitude do amor!
3. De volta ao primeiro amor.
Na Carta endereçada à Igreja de Éfeso, o Senhor Jesus protestou com relação à decadência do amor que essa igreja vinha apresentando. Ele sentiu que aquela Igreja perdeu aquilo que chamou de “primeiro amor”. O que é o “primeiro amor” a que o Senhor Jesus Se refere nesta mensagem? É um sentimento de amor de grande intensidade em nosso íntimo, o fogo que aquece o coração e que coloca em nossa vida Jesus acima de todas as demais coisas e nos motiva a amar e servir os irmãos! Isto foi bem exemplificado numa parábola de Cristo: “O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo.” (Mateus 13.44)
O Senhor está falando de alguém que, além de transbordar de alegria por ter encontrado o Reino de Deus, ainda se dispõe a abrir mão de tudo o que tem para desfrutar do seu achado. Estas duas características são evidentes na vida de quem recebe Jesus com seu único Senhor e suficiente Salvador. Esta alegria inicial foi mencionada por Jesus na Parábola do Semeador. O problema é que alguns cristãos permitem que ela desapareça diante de algumas provações:
“O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.” (Mt. 13:20-21)
Mas o maior desafio dos cristãos é exactamente este: mesmo diante das mais duras provações, ainda permanecer transbordantes desta intensa alegria por ser de e servir a Cristo. Isto também deve ser assim connosco hoje. Casa tenha esfriado, devemos voltar ao primeiro amor, como sendo uma profunda resposta ao entendimento do amor de Cristo, o que nos levaria a buscarmos e a servirmos ao Senhor com intensidade e paixão.
4. Apelo final
Vivemos em um contexto em que o amor a Deus e aos irmãos tende a esfriar, onde os bens material estão tomando o lugar cimeiro nas motivações e esforços das pessoas, onde ama-se o dinheiro e usa-se as pessoas, onde as rivalidades crescem, as acusações aumentam, os murmúrios se alastram, a inveja domina os corações das pessoas, onde, apesar de aumentar o número de Igrejas, onde cada uma se autodenomina detentora da verdade, não se nota uma verdadeira civilização assente no amor. Jesus nos adverte para lembrarmos onde caímos e nos arrependermos, sob pena de perdermos totalmente a comunhão com Ele. Seu apelo hoje é dirigido aos nossos corações “voltemos ao primeiro amor e prátiquemos as primeiras obras”.
Com amor, graça e paz.
𝑫𝒐𝒎 𝑮𝒆𝒓𝒂𝒍𝒅𝒐 𝑴𝒂𝒏𝒖𝒆𝒍