“São ministros de Cristo? falo como fora de mim, eu ainda mais; em trabalhos muito mais; em prisões muito mais; em açoites sem medida; em perigo de morte muitas vezes; ados judeus cinco vezes recebi quarenta açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha raça, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejuns muitas vezes, em frio e nudez. Além dessas coisas exteriores, há o que diariamente pesa sobre mim, o cuidado de todas as igrejas.”
2 Co. 11:23-29
Para a manutenção e avanço da obra de Deus no mundo há um preço a pagar pelos seus verdadeiros servos, um sacrifício a investir. Desde sempre foi assim. Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, teólogo, missionário, líder e pastor, revolucionou a expansão do evangelho e a sistematização de doutrina cristã. Teve de pagar um alto preço pelo trabalho que Deus o chamou a fazer. Na verdade, a obra de Deus desde sempre foi fortemente combatida, os enviados do Senhor rejeitados com ódio cruel.
É claro que Jesus acautelou que o mundo odiaria a sua obra e seus seguidores (João 15:18-19; Mat 24-9). Mas alguns sentiram na pele o extremo deste ódio, por toda vida. (Heb 11:33-38).
Depois do inédito acontecimento de 25 de Julho de 1949, a então cidade indígena de Leopoldville conheceu um despertamento jamais visto. As implicações da manifestação do Espírito Santo, na madrugada do referido dia, trouxe um grande avivamento que preocupou os Missionários (apesar deles saberem a verdadeira causa, já que o Espírito Santo foi pedido em 1946, durante a conferência Missionária, por sua orientação), várias instituições e grupos, principalmente a Igreja local e outras denominações cristãs, por causa do receio da reacção das autoridades governamentais resolveram banir Simão; a BMS resolveu expulsar Simão Toco com centenas de crentes, oficialmente, aos 9 de Setembro de 1949. Não ficando por aí, fizeram denúncia contra Simão e seus irmãos, às autoridades Belgas.
Aqueles, porém, mesmo depois de expulsos continuavam em oração e em estudos das Escrituras nas próprias residências. Mas, no dia 22 de Outubro do mesmo ano, foram capturados e encarcerados. Simão permaneceu perto de 3 meses preso e foi, em seguida repatriado para Angola. Seguiram-se 12 anos de intenso sofrimento no sul de Angola, 11 anos de desterro, isolamento e trabalho forçado nos Açores, num período em que sua esposa, Dona Maria Rosa Toco permaneceu doente por cerca de uma década, seguidas de mais de 15 prisões arbitrárias e provas de morte no periodo pós independência, vandalização hodionda da sua residência e do tabernáculo do Senhor, intercalados de atentados de morte literalmente consumados, entre outras dificuldades impostas, colocam em evidência a sua distinta perseverança e determinação. Não se deixou abalar por nenhuma força que se tenha levantado contra a obra de Deus. Sempre fiel a sua divisa: “SEI O QUE CRISTO DISSE“.
O capítulo 11 de Hebreus apresenta a galaria dos heróis da fé. Uma lista apenas representativa, pois nem todos constam, tal como os próprios apóstolos, martirizados em nome da fé, e outros. Certamente, Simão Gonçalves Toco, por tudo que representa a sua vida para a obra de Deus, tem um lugar de destque nesta galeria. A grandeza e duração da sua luta, a complexidade de sua missão e o peso das forças negativas que tentaram se opor ao trabalho de Deus, põe em evidência seu contributo singular na obra do Senhor e sua identidade espiritual invulgar.
Seu exemplo de perseverança atravessa o tempo e se converte numa eterna aula magna de verdadeira entrega, perseverança e dedicação na obra do Senhor. Nos ensina também que a grandeza das dificuldades ou a duração delas não são capazes de destruir uma obra edificada sobre a rocha.
Hoje, muitos, querendo edificar sobre bases alheias, escudam-se por trás do prestígio de Simão Gonçalves Toco para alcançarem seus interesses pessoas fazendo-se passar por ele. E o número destes cresce a cada dia que passa.
Hoje, muitos levam o tocoismo de ânimo leve, fazem e desfazem em nome da Igreja, esquecendo que a construção deste edifício custou um alto preço.
Celebramos a Deus com alegria neste Jubileu do Regresso triunfal por todas grandes vitórias recebidas pela Igreja, lembrando quão grandes livramentos os Senhor nos concedeu e quanto poder manifestou entre nós, mas também não esquecendo o profundo sacrifício consentido pelo Dirigente Simão Gonçalves Toco e os pioneiros do tocoismo. E somos chamados a conservar puro e autêntico este legado, em obediência a Deus, o dono da obra, e em honra aos que investiram sangue e suor para erguer a obra.
Parabéns para toda Igreja pelo Jubileu do regresso triunfal do nosso Dirigente.
Com graca e paz,
𝑫𝒐𝒎 𝑮𝒆𝒓𝒂𝒍𝒅𝒐 𝑴𝒂𝒏𝒖𝒆𝒍