Vamos analisar as duras consequências que a defesa da verdade enfrentou em Angola, com base no exemplo de Simão Gonçalves Toco.
“Ora, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro havia desaparecido, prenderam a Paulo e Silas, e os arrastaram para uma praça à presença dos magistrados. E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, estão perturbando muito a nossa cidade; e pregam costumes que não nos é lícito receber nem praticar, sendo nós romanos. A multidão levantou-se à uma contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes os vestidos, mandaram açoitá-los com varas. E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança.”
Atos 16:19-23 (ARC)
A afirmação de Jesus de que ‘o mundo jaz no maligno’ justifica o ódio e a hostilidade que a Palavra de Deus enfrentar ao ser pregada e vivida neste mundo mau.
Paulo e Silas apenas pregaram o evangelho e libertaram um endemoniado. Só isso chocou com os interesses dos dominadores deste mundo, suscitou ódio e obrigou estes forçarem uma prisão dos servos de Deus.
Essa história lembra-nos o que ocorreu em 22 de Outubro de 1949 em Leopoldville. Depois do inédito acontecimento de 25 de Julho de 1949, a então cidade de Leopoldville conheceu um despertamento jamais visto. As implicações da manifestação do Espírito Santo, na madrugada do referido dia, trouxe um grande avivamento que preocupou os Missionários (apesar deles saberem a verdadeira causa, já que o Espírito Santo foi pedido em 1946, durante a conferência Missionária, por sua orientação), várias instituições e grupos, principalmente a Igreja local e outras denominações cristãs, por causa do receio da reacção das autoridades governamentais resolveram banir Simão; a BMS expulsou Simão Toco com centenas de crentes, oficialmente, aos 9 de Setembro de 1949. Não ficando por aí, fizeram denúncia contra Simão e seus irmãos, às autoridades Belgas.
Aqueles, porém, mesmo depois de expulsos continuavam em oração e em estudos das Escrituras nas próprias residências. Mas, no dia 22 de Outubro do mesmo ano, foram capturados e encarcerados na prisão de Ndolo e Filtra, permaneceram presos perto de 3 meses e foram, em seguida extraditados para Angola.
A isso seguiram-se 12 anos de intenso sofrimento no sul de Angola, 11 anos de desterro, isolamento e trabalho forçado nos Açores, seguidas de mais de 15 prisões arbitrárias e atentados de morte no período pós independência, vandalização hedionda da sua residência e do tabernáculo do Senhor, intercalados de atentados de morte literalmente consumados, entre outras dificuldades impostas, colocam em evidência a sua distinta perseverança e determinação. Não se deixou abalar por nenhuma força que se tenha levantado contra a obra de Deus.
O capítulo 11 de Hebreus apresenta a galaria dos heróis da fé. Uma lista apenas representativa, pois nem todos constam, tal como os próprios apóstolos, martirizados em nome da fé, e outros. Certamente, Simão Gonçalves Toco, por tudo que representa a sua vida para a obra de Deus, tem um lugar de destaque nesta galeria.
A grandeza e duração da sua luta, a complexidade de sua missão e o peso das forças negativas que tentaram se opor ao trabalho de Deus, põe em evidência seu contributo singular na obra do Senhor e sua identidade espiritual invulgar.
O exemplo de perseverança de Paulo e Silas e de Simão Gonçalves Toco nos ensina que a grandeza das dificuldades ou a duração delas não são capazes de destruir uma obra edificada sobre a rocha.
Somos hoje inspirados a reavaliar a nossa fé, a revestirmo-nos da verdade, vivenciá-la com determinação, anunciá-las com zelo e a suportar de coração alegre as duras consequências de uma vida recta, em Cristo Jesus.