Amados e amadas,
Nossa jornada celestial é mais complexa do que podemos imaginar; que o digam os mártires da Igreja, os heróis da fé e os pioneiros do tocoismo. E como toda viagem, ela se torna ainda mais difícil na medida que se aproxima do destino. Nosso objectivo principal é chegar à tão sonhada cidade celestial, na plena e consoladora presença de Deus. O resto são apenas detalhes da jornada e preparação do cenário para o juízo final e o destino eterno de cada um nós. E nesta difícil caminhada, surgem, de tempo em tempo, momentos desérticos de grandes provações. É ai aonde a profundidade e intensidade da nossa fé é chamada e a nossa maturidade espiritual é requerida e provada.
Evitando o pecado da murmuração
“Então toda a congregação levantou a voz e gritou; e o povo chorou naquela noite. E todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e Arão; e toda a congregação lhes disse: Antes tivéssemos morrido na terra do Egito, ou tivéssemos morrido neste deserto! Por que nos traz o Senhor a esta terra para cairmos à espada? Nossas mulheres e nossos pequeninos serão por presa. Não nos seria melhor voltarmos para o Egito? E diziam uns aos outros: Constituamos um por chefe o voltemos para o Egito.”
Nm 14:1:4
O nosso inimigo é na verdade mais astuto do que passamos pensar, sua ira contra a Igreja é grande e seu combate contra os filhos de Deus é real e muito sofisticado.
“…Mas ai da terra e do mar! porque o Diabo desceu a vós com grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta.” Ap. 12:12. Os crentes precisam capacitar-se ao nível da complexidade desta luta, compreendendo os princípios espirituais que norteiam esta jornada, com base na Palavra de Deus e não no entendimento humano. O povo Israelita murmurou porque não evoluiu na fé e no conhecimento ao nível dos propósitos de Deus para o seu tempo; e, por isso, muitos deles perderam a oportunidade de entrar na tão almejada terra prometida. Encontramo-nos hoje numa semelhante jornada, não estamos isentos das dificuldades e dos ataques do inimigo. Tudo agudiza-se mais ainda na medida em que mergulhamos cada vez mais na última etapa da história, o chamado “fim dos tempos” ou “últimos dias”, conforme o apóstolo Paulo advertiu a Timóteo:
“Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus”.
2 Tm 3:1-4
Diante das mais graves adversidades, o crente maduro não murmura, pelo contrário, confiante em Deus, busca a direcção do Espírito Santo em oração: “em ti, Senhor, confio; nunca seja eu confundido”, não se deixa levar pela ira, vingança, medo ou desespero, não se excede em falar para não errar contra Deus ou o próximo. Ele tem consciência da sua fraqueza e incapacidade de conhecer plenamente a vontade de Deus por trás dos acontecimentos, vontade esta que é apenas revelada aos humildes (“Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado” Mt. 11:25:26).
O crente maduro, em tempos de dificuldades recolhe-se em oração, buscando em Deus força e orientação. Nesta jornada celestial não há tempo para distração, a guerra é real e séria. O momento é de oração.
Uma luta de natureza espiritual
A profundidade da nossa luta ultrapassa os limites materiais e administrativos, a luta é essencialmente espiritual e ideológica, entre o bem e o mal, a verdade e o engano.
“pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes.”
Ef. 6:12
Por isso quem não conhecer a natureza da luta e adequar a sua postura, torna-se presa fácil do adversário. O cristão precisa compreender que existem princípios espirituais por detrás dos processos e eventos naturais. As leis espirituais ao serem preservadas ou violadas determinam e condicionam os acontecimentos da vida real. Importa ter uma visão espiritual sobre a vida, antes de tratá-la materialmente.
O conhecimento da verdade, a vigilância e oração são requeridos a todos para essa jornada de fé. De contrário, pelas astutas ciladas do diabo, você poderá encontrar uma boa “razão” para se desviar do caminho.
Lutando com as armas certas
“Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne, pois as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus, para demolição de fortalezas; derribando raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência a Cristo;” 2Co.10:4-5
Na luta do bem contra o mal existe regras muito precisas e princípios invioláveis; Deus tem seus métodos. Qualquer invenção nossa, contrária ao que Deus estabeleceu, nos coloca do lado do adversário. Por exemplo, quando prenderam Jesus, Pedro tentou lutar segundo a carne, usando seu próprio método e falhou. A oração, o amor, a proclamação da verdade e santidade são armas espirituais poderosas em Deus para defender as causas do Senhor. Quem defende a verdade não usa as armas do diabo. Por exemplo não insulta, não incita o ódio, não deseja mal a ninguém, etc. Não usa nenhum método do diabo.
Deus continua a trabalhar e completará a sua Obra
“Mas Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” Jo. 5:17
“tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus” Fl. 1:6
Nada é mais tranquilizante do que saber que, apesar de tudo, Deus está a trabalhar pela causa da sua obra e para a glória do seu nome. E na verdade, numa longa viagem, mais importante do que as condições do caminho ou comodidade do viajante é a certeza do destino. Deus vai completar os seus propósitos para com a sua Igreja. Esta é a grande esperança, esta é a sua consoladora promessa! Ele completará o que começou. É momento de cada um reavaliar a sua fé e não se perder em meio ao frenezim dos tempos que vivemos.
Foco na Missão
“Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? dize aos filhos de Israel que marchem.” Ex. 14:15
A distração (problemas, diversões, etc) tem sido a principal ferramenta usada pelo inimigo para retardar a obra de Deus. O povo de Deus perde muito tempo, em meio aos meros detalhes do percurso, enquanto o mundo caminha a passos largos para o inferno, almas vão perecendo e o dono da vinha às portas está. Em meio as maiores dificuldades possíveis, o povo é ordenado a marchar; e cada obreiro é chamado a manter o foco naquilo que foi responsabilizado por Deus. Nenhum problema será suficientemente forte para justificar a improdutividade de quem quer que seja na obra do Senhor. Marchemos.
Uma jornada de fé: não murmure, conheça a natureza desta luta, milita com as armas certas, Deus está a trabalhar e concluirá a sua obra, mantenha o foco na missão, enfim, é tempo de oração.
Com graça e paz,
𝑫𝒐𝒎 𝑮𝒆𝒓𝒂𝒍𝒅𝒐 𝑴𝒂𝒏𝒖𝒆𝒍